• O aparelho psíquico, o inconsciente e outras reflexões psicanalíticas.

     Por Bruna Alencar  (Psicóloga e Psicanalista)

                Pensar em Psicanálise,  é pensar na existência de uma entidade que nos determina. Essa entidade da qual, não se sabe muito bem, como nem onde ela está, revela efetivamente quem são os sujeitos.

                Nesse tocante, para entender a psiquê, é necessário abordar o  funcionamento do aparelho psíquico, em que há a tensão que nunca se esgota, ou seja, que o psíquismo está sempre na tentativa de obedecer a um princípio que visa a descarga total de tensão, todavia sem conseguir êxito. A esse principio, Freud deu o nome de Princípio de prazer-desprazer.

                Em seu funcionamento, o psíquismo tem sua fonte de excitação, de origem interna e nunca externa, esta fonte trata-se de uma marca psíquica, que pode ser uma imagem, um som, uma idéia, ou seja, um representante ideativo carregado de energia pulsional.

                A tentativa de escoamento de energia sem sucesso por parte do representante da pulsão, é chamado estado de desprazer. O prazer absoluto por sua vez, nunca será alcançado uma vez que a descarga absoluta nunca é realizada. Este príncipio, portanto, sugere vida psíquica ao sujeito.

                Os representante da pulsão, pode se organizar de diferentes formas para passar pela barra do recalcamento em busca de prazer, ora, se utilizam do condensamento de representantes, ora se utilizam do deslocamento de representantes, o resultado dessa transposição da barra do recalcamento nunca será o representante pulsional em seu estado original, este, sempre estará transformado ou modificado.

                É interessante o quanto esse funcionamento do inconsciente, pode preservar os sujeitos de seus desejos mais mórbidos, estranhos e muitas vezes inaceitáveis ao próprio sujeito. Isto é dito, pois caso não houvesse a barra do recalque ou todos fossem guiados apenas pelo princípio de prazer, sem a intervenção das leis cultura, não se sabe que tipo de sociedade teríamos.

                O sonho é a mostra disso, todo seu conteúdo representa de certa maneira, um desejo inconsciente e pode ainda trazer através de sua análise revelações de sentimentos que são recalcados pelo analisando.

                O conteúdo manifesto pode parecer estranho ao sujeito, pode ainda ser repetido várias e várias vezes em diferentes momentos, isto mostra a possível angústia que o paciente possui em relação a essa representação. Mesmo, sem conscientemente, sabê-lo.

                Tendo em vista esses aspectos é possível entender a frase: “uma das tarefas da Psicanálise é recordar”. É através de  recordações que analistas também conseguem minimizar o sofrimento apresentado pelos pacientes.

    Numa análise, pode-se dizer que o paciente diz tudo aquilo que sabe, bem como aquilo que não sabe. O incosciente o determina, fazendo que o sujeito não seja dono de sua própria morada.

                    Portanto, a especificidade de uma análise reside no que é enunciado pelo paciente sem que ele saiba o que diz, é nesse momento que o inconsciente também se faz presente.

                      Tudo o que o sujeito vive é guardado, mesmo que muitas vezes pareça esquecido pelo paciente, essas vivências estão arquivadas no inconsciente.

                       Ao refletir sobre o papel do analista entende-se que este é um outro, singular, que a medida com que a análise vai se desenrolando, torna-se parte da vida psíquica do paciente. O papel do analista pode ainda ser compreendido como o da pulsão do funcionamento mental, ou mais especificamente como objeto da pulsão, tendo em vista que analista e analisando formam um único e imenso aparelho psíquico. 

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